terça-feira, 26 de junho de 2012

A História do Houston Astros - Parte 2


No primeiro post sobre a história do Houston Astros, paramos num momento importante da história da franquia: a temporada de 1980. Com a contusão de JR Richard, dono, até então, de um ano impecável, o time acabou sofrendo um pouco. Contudo, conseguiram chegar à primeira pós-temporada na história!  Naquela época, o time classificado ia direto para final da National ou da American League (vale lembrar  que as Ligas só tinham duas divisões). Os Astros então, enfrentaram o Philadelphia Phillies pelo título da NL, mas não obtiveram sucesso. Naquele ano, seu oponente avançaria para a World Series e, em 6 jogos, alcançaria seu primeiro título da história.



Nos anos seguintes, o Houston seguia no mesmo passo. Nada muito animador para o torcedor. A MLB é, de certa forma, cruel. As outras ligas classificam times e mais times para os playoffs. No Baseball não. Poucos são os felizardos que sentem o gosto da pós-temporada. Por um lado, valoriza o sabor de chegar lá. Por outro, pode deixar torcedores por anos e anos na expectativa.

Mas o ano de 1986 vale a pena ser citado. A franquia resolveu mudar seu GM e o time ganhou também um novo manager. Este, Hal Lanier, trouxe uma nova filosofia de jogo que deu resultados interessantes. Discípulo do lendário Whitey Herzog, Hal adotava sua ideia de jogo, traduzida no termo “whiteyball”.

Whitey Herzog (direita) tem seu número 24 aposentado pelo St. Louis Cardinals

Nota da maior sabedoria: O whiteyball ficou famoso na World Series de 1982, quando o St. Louis Cardinals foi campeão sem um “power hitter”, sem um Albert Pujols da vida. O estilo do time era baseado na defesa, em velocidade ao correr as bases e em rebatidas que beirassem a linha do campo, dificuldade a vida para a defesa adversária e sendo bem explorada por jogadores velozes. Numa comparação tosca, é um Barcelona do Baseball, que não joga com aquele centro-avante de 1m90 pra meter a bola pro gol.

Enfim, Hal ficou marcado no clube. Em primeiro lugar, o manager adotou uma rotação com 3 pitchers e foi desenvolvendo seu 4º homem, um rookie. Deu certo. O time começou a temporada com uma campanha 13-6, coisa jamais vista na franquia do Texas. Terminou em 1º lugar da divisão naquele ano, 10 vitórias à frente do Cincinnati Reds.

O time de Hal Lanier também conseguiu emplacar 4 jogadores no All-Star Game de 1986, que foi disputado no Astrodome. Não bastando, seu arremessador Mike Scott ainda levou o prêmio de Cy Young daquela temporada. Logicamente, o time foi muito confiante para a disputar a final da National League.

Mike Scott foi uma das peças cruciais do Houston de 1986

Do outro lado, o New York Mets, dono de uma campanha de 108 vitórias e apenas 54 derrotas. Tinha o melhor ERA da National League e o ataque foi o primeiro em número de rebatidas e de corridas, além de ser o 3º em Home Runs.

Os Mets conseguiram o 3-2 e o Houston precisava vencer o jogo 6 para não ser eliminado. Além disso, o jogo 7 teria no montinho o seu Cy Young, Mike Scott. Aí que vem um dos pontos altos na história dos Astros: a partida 6 desta série é tida como uma das melhores partidas de todos os tempos na pós-temporada. 

Jogando no Astrodome, o time da casa anotou 3 corridas na primeira entrada, fazendo 3-0 e dando esperanças aos seus torcedores. Bob Knepper, que arremessava pelo Houston naquele jogo, segurou a vantagem  sem ceder corridas até a nona entrada.

Contudo, no início da última (a princípio) entrada, Knepper cedeu de cara uma rebatida tripla. Já imaginem o início do drama. Veio uma simples em seguida e o 3-1 estava no placar. Finalmente um eliminado – UFA, vamos vencer. Ou não. Depois da eliminação, uma rebatida dupla para os Mets e o 3-2 estava estampado no Astrodome, com um homem ainda em base. Knepper foi retirado.

Seu substituto, Dave Smith, andou os dois jogadores seguintes e PIMBA! Lotou as bases. Com as bases lotadas, bastou uma rebatida de sacrifício dos Mets e o jogo estava empatado. 3-3 - Será que vamos tomar a virada? Ainda não, meus caros. Como não poderia deixar de ser, mais um jogador chegou em base, mas, finalmente, com bases lotadas, o Houston conseguia um strikeout e evitava o desastre maior. 3-3, num jogo que haviam dominado desde a primeira entrada.

Eu não sei quantos morreram do coração naquela noite em Nova Iorque e, principalmente em Houston, mas acho que não foram poucos.

O jogo foi até a 14ª entrada nestre drama. Até que os Mets anotaram uma simples corrida e os Astros se livravam, novamente, da entrada, com bases lotadas. Mas, desta vez, a derrota parecia bater à porta com muita força, a ponto de derrubá-la. Os Mets estavam a apenas 3 eliminações da World Series.

Mas não foi o que aconteceu. Não na 14ª entrada. A salvação momentânea do Houston Astros veio do bastão do Outfielder Billy Hatcher. Com apenas 6 Home Runs batidos na temporada regular, a torcida presente no Astrodome não imaginava que o rapaz iria empatar o jogo com requintes de crueldade. E ainda tem gente que o Baseball não tem emoção. Vocês podem ver a insanidade do Home Run a partir de 4:40 no vídeo abaixo (ou assistirem o vídeo todo, que fala da série completa).



A alegria do Houston durou até a 16ª entrada. Nela, os Mets abriram 7-4 no placar. Anotar 3 corridas numa entrada parecia impossível para o Houston, depois da sobrevida que ganhou na 14ª entrada. Com um eliminado, o Houston conseguiu colocar o primeiro jogador em base. Uma rebatida simples a seguir, deixou dois jogadores em base. Mais uma rebatida simples. Opa! Temos um jogo? Pelo menos um 7-5 temos. 

Mas em seguida vinha o 2º eliminado da entrada, tudo parecia mais perto para os Mets. Mas espera aí, mais uma corrida? 7-6? Será que vai dar? Não. Não deu. O Houston tinha a corrida de empate na segunda base e a da virada na primeira. Mas não deu. Não adiantou toda excitação do Cy Young de 1986 no Dugout, não adiantou a torcida indo à loucura. Não foi em 1986 a primeira aparição do Houston na World Series.

A saber: os Mets foram campeões naquele ano, com aquela série incrível contra o Boston Red Sox, quando conseguiram uma virada incrível no jogo 6 e no jogo 7 garantiram o título. Algo que o Houston poderia ter feito na final da National League, se tivesse vencido o jogo 6. Ou, para a gente ter um exemplo recente, mais ou menos o que o St. Louis Cardinals fez no ano passado.
- A saber 2: o jogo de 16 entradas entre Houston e NY Mets bateu o recorde de mais longo da pós-temporada da MLB àquela época. –
Enfim, após a temporada mágica de 1986, os Astros, como era de se esperar, não conseguiram repetir o sucesso. O time foi se desmanchando e deu início ao longo processo de reconstrução do elenco. Mas essa reconstrução foi atrapalhada por outros fatores. Mas deixemos estes fatores para um próximo post.

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